domingo, 8 de fevereiro de 2015

MEUS PAIS

       Me perguntaram se estou saudosista por publicar trechos da minha história...não, não é nada de saudosismo.
       Minha irmã Ana começou a escrever um livro da família e me pediu para redigir trechos, lembranças, o que achasse importante. Nossa família tem dois núcleos bem distintos: um alemão e um brasileiro. Não conhecemos nossos parentes alemães, meu pai veio fugindo do nazismo e nunca mais retornou. Tínhamos poucas fotos e  as histórias contadas por meu pai . Começamos a buscar contato com os parentes de lá. Há pouco tempo, um primo nosso nos contatou e começou a enviar o que tem: muitos documentos, cartas, poemas e fotos. Juntam-se os fragmentos de lá e os de cá, tentando costurar os buracos deixados pela guerra.
       Na parte brasileira, também existem lacunas: família de agricultores, muitos analfabetos, com poucos registros. Seguimos pesquisando. Tio Chiquinho, irmão de minha mãe, vivo e lúcido é hoje a possibilidade de identificação de quem é quem nas imagens. Vamos costurando fotos, lembranças, histórias e reafirmando laços.
Recebo esta foto de meus pais, tirada muito antes de eu nascer.
       Me encantou!
       Estes registros também servem para nos entendermos dentro de um contexto maior: a Segunda Guerra e seus efeitos, a questão dos pequenos agricultores que no final da guerra começaram a ter de sair de suas terras. Minha tia, irmã de minha mãe se casou com um cegonheiro do ABC paulista. Minha mãe se casou com um alemão que se tornou depois um grande professor. E assim a família foi se separando, perdendo seus laços com a terra, sobrevivendo nas cidades. Nas décadas de 50/60 e 70 era muito difícil a comunicação e as viagens.
       Hoje a internet nos reaproxima, porém, muitos já partiram e os mais novos não conhecem sua história, ou a tem fragmentada. 
       O que somos sem nossas raízes, sem nossa história?

      Esta é a única foto que temos de nossa família reunida no Brasil: meus pais, minha irmã Branca e seu marido Neco, Ana e eu. Vivas hoje, só Ana e eu.....e nossos descendentes que a vida continua.