
segunda-feira, 28 de novembro de 2011
A função da arte
Eduardo Galeano
Diego não conhecia o mar. O pai, Santiago Kovadloff, levou-o para que descobrisse o mar. Viajaram para o Sul.
Ele, o mar, estava do outro lado das dunas altas, esperando.
Quando o menino e o pai enfim alcançaram aquelas alturas de areia, depois de muito caminhar, o mar estava na frente de seus olhos. E foi tanta a imensidão do mar, e tanto fulgor, que o menino ficou mudo de beleza.
E quando finalmente conseguiu falar, tremendo, gaguejando, pediu ao pai:
- Me ajuda a olhar!
segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Importa é nos sentirmos vivos
e alvoroçados, mais uma vez,
e revestidos de beleza,
a exata beleza que vem dos gestos espontâneos
e do profundo instinto de subsistir
enquanto as coisas em redor se derretem e somem,
como nuvens errantes no universo estável .
Prosseguimos.
Reinauguramos.
Abrimos olhos gulosos a um sol diferente
que nos acorda para os descobrimentos.
Esta é a magia do tempo.
Esta é a colheita particular
que se exprime no cálido abraço e no beijo comungante,
No acreditar na vida e na doação de vivê-la
em perpétua procura em perpétua criação.
E já não somos apenas finitos e sós.
(trecho poema REINAUGURAÇÃO, Carlos Drumond de Andrade)