segunda-feira, 7 de setembro de 2015

REFUGIADOS
     A imagem  do pequeno Aylan, o menino Sírio morto  na praia,  é de uma dor tamanha que muitas pessoas se incomodaram....


     Os migrantes e refugiados, fogem de sua terra quando não há mais condição de se manterem  vivos. Se ficar: morrem!Então se lançam ao mundo numa desesperada tentativa de sobrevivência. Para isto deixam familiares, pessoas queridas, trabalho, sonhos, cultura....deixam sua história. O começo do drama é sempre guerra, perseguição, morte, fome, desespero...

     Se conseguirem fazer a travessia, seja de barco, de trem ou caminhando, ainda precisam encontrar alguma porta aberta, ser acolhido em terra estranha.        E, na melhor das hipóteses, este não é o final feliz, é apenas o melhor final possível naquele momento. Ao refugiado sobrevivente, resta agora aprender uma nova língua, conhecer outro espaço, outro clima, outra cultura e tentar reorganizar uma nova vida.
     Mas o refugiado vai ser sempre um ser dividido em duas nacionalidades, duas vidas no mesmo corpo. E no olhar sempre tem aquele momento de névoa, de banzo, de saudade.
     Falo isto por ser filha de um refugiado, um alemão, ariano, que ousou ser antinazista, no início da década de 30. Foram duas prisões e já havia uma terceira decretada: era fugir ou morrer. E o pior, colocar em risco a vida de toda a família.
     Meu pai atravessou a Europa a pé, fugindo da Alemanha, com documentação fria e acabou chegando ao Brasil, como um apicultor. Ele que era teólogo e filósofo. Aqui passou fome, foi discriminado pelos alemães por ser antinazista e por muitos brasileiros por ser o inimigo alemão. Se apaixonou, constituiu família , a Guerra acabou mas ele nunca conseguiu da sua pátria o visto para retornar (só forneceriam para ele, para a família não).
    Sempre amou o Brasil e os brasileiros.
    No olhar, muitas vezes distante, aquela sombra...

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